No dia 13 de janeiro de 1993, o Japão pede oficialmente perdão a milhares de mulheres coreanas que foram utilizadas como escravas sexuais durante a Segunda Guerra Mundial. Indonésia e China são outros países cujas mulheres foram sexualmente escravizadas pelos japoneses.
As expressões ianpu (“mulheres de conforto”) ou jongun-ianpu (“mulheres de conforto militar”) são eufemismos para moças que trabalhavam em bordeis militares em países ocupados, muitas das quais recrutadas à força ou através de fraude, e que se consideraram vítimas de agressão sexual ou escravidão sexual.
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Em 1992, o historiador Yoshiaki Yoshimi publicou matéria baseada em pesquisa nos arquivos do Instituto Nacional para Estudos de Defesa japonês, afirmando que havia um vínculo direto entre instituições imperiais como o Kôa-in e os “postos de conforto”. Quando foi publicada na imprensa japonesa em 12 de janeiro de 1993, causou sensação e forçou o governo a reconhecer alguns dos fatos no mesmo dia.
Em 17 de janeiro, o primeiro-ministro Kiichi Miyazawa apresentou desculpas formais pelo sofrimento das vítimas, durante uma viagem à Coreia do Sul. Em 6 de julho e 4 de agosto, o governo japonês emitiu duas declarações pelas quais reconheceu que os “postos de conforto eram operados em resposta às exigências militares da época”, “militares japoneses estiveram, direta ou indiretamente, envolvidos na instituição e administração dos postos de conforto e na transferência das mulheres de conforto” e que as mulheres eram “recrutadas, em muitos casos, contra sua vontade através de engodo e coação”.
A controvérsia reacendeu em 1º de março de 2007, quando o primeiro ministro Shinzo Abe mencionou sugestões da Câmara dos Representantes do Estados Unidos no sentido de que o governo japonês “se desculpasse e reconhecesse” o papel dos militares do Japão Imperial na escravidão sexual durante a guerra. Abe negou que isso se aplicasse aos postos de conforto. Porém, um editorial do jornal The New York Times de 6 de março, dizia:
Não se tratava de bordéis comerciais. A força, explícita e implícita, era usada no recrutamento destas mulheres. O que acontecia lá dentro era estupro em série, não prostituição. O envolvimento do Exército Japonês está documentado nos próprios arquivos governamentais do Ministério da Defesa. Uma autoridade do alto escalão de Tóquio, meio que se desculpou por esse crime hediondo em 1993…
Foto para fins de propaganda registrada por Kumazaki Tamaki, correspondente do Asahi Shimbum em 10 de novembro de 1937, era publicada com a seguinte legenda: “Os japoneses arrebanhavam milhares de mulheres. A maioria delas era estuprada em massa ou forçada a entrar para a prostituição militar.”
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Vítimas da violência sexual sistemática, as "mulheres de conforto" eram obrigadas a manter cerca de 50 relações sexuais todos os dias
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No mesmo dia, o veterano de guerra Yasuji Kaneko admitiu ao The Washington Post que as mulheres “gritavam, mas não nos importava se elas viviam ou morriam. Éramos os soldados do imperador. Fosse nos bordéis militares ou nas aldeias, nós estuprávamos sem hesitação.”
Em 17 de abril de 2007, Yoshimi e outro historiador, Hirofumi Hayashi, anunciaram a descoberta, nos arquivos do Julgamento de Tóquio, de sete documentos oficiais sugerindo que as forças militares imperiais, tais como a Toketai (polícia secreta naval), coagiram diretamente mulheres para trabalhar nos bordéis da frente de batalha na China, Indochina e Indonésia. Estes documentos, a princípio, haviam sido tornados públicos na época dos julgamento de crimes de guerra. Em um deles, um tenente é citado confessando ter organizado um bordel.
Em 12 de maio de 2007, o jornalista Taichiro Kaijimura anunciou a descoberta de 30 documentos do governo holandês submetidos ao Tribunal de Tóquio como evidência de prostituição forçada em massa, em 1944, em Magelang.
Em outros casos, meninas de Timor Leste testemunharam que foram raptadas quando ainda não haviam tido sequer a primeira menstruação e levadas para bordéis militares, onde eram estupradas repetidamente pelos soldados japoneses. Uma “mulher de conforto” indonésio-holandesa, Jan Ruff-O’Hearn disse que havia sido estuprada por soldados japoneses “dia e noite”, ao longo de três meses, quando tinha 21 anos.
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Existem diversas teorias sobre o lugar de origem das “mulheres de conforto”. Enquanto algumas fontes afirmam que a maioria delas provinha do Japão, outros, incluindo Yoshimi, argumentam que cerca de 200 mil mulheres, principalmente da Coreia e China, e de alguns outros países, tais como Filipinas, Taiwan, Birmânia, as Índias Orientais Neerlandesas e Austrália, foram forçadas a se envolver em atividades sexuais.
Há uma percepção arraigada de que o governo japonês não aceitou a responsabilidade legal por indenizações e, como consequência direta desta negação, falhou em compensar as vítimas individuais das atrocidades japonesas durante o Período Showa. Inúmeras organizações proeminentes de direitos humanos e de direitos da mulher insistem em que o Japão ainda carrega a responsabilidade moral e legal de indenizar as escravas sexuais conscritas pelos militares japoneses em países ocupados e conhecidas como “mulheres de conforto”.
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