Faleceu neste domingo (12/11), aos 96 anos, a bailarina, escritora e ativista política Joan Jara. A informação foi confirmada em comunicado emitido pela Fundação Víctor Jara.
Nascida em Londres, em julho de 1927, com o nome de Joan Turner, a artista atuou na companhia Ballets Jooss durantes os primeiros cinco anos de sua carreira, entre 1947 e 1952, pela qual se apresentou não só no Reino Unido como também na Bélgica, Irlanda, Países Baixos, Suíça e também na antiga Alemanha Ocidental.
Seu primeiro matrimônio aconteceu em 1954, com o ator chileno Patricio Bunster. O casal se mudou para Santiago naquele mesmo ano, mas a relação duraria apenas alguns anos.
Em 1960, a bailarina se casou com o cantor, compositor, folclorista e dramaturgo chileno Víctor Jara, com quem havia trabalhado na coreografia de um espetáculo teatral escrito e dirigido por ele alguns anos antes.
Após uma década promovendo projetos culturais juntos, o casal Víctor e Joan Jara passou também a militar politicamente a partir de 1970, participando de diversos projetos durante o governo socialista do então presidente Salvador Allende (1970-1973).
O golpe de Estado chileno, no dia 11 de setembro de 1973, marcou o trágico fim do seu segundo matrimônio, já que Víctor Jara foi sequestrado e assassinado pelos militares, morrendo fuzilado no Estádio Chile, 12 dias depois da derrubada de Allende.
Fundação Víctor Jara
Joan Jara trabalhou em alguns projetos culturais durante o governo de Salvador Allende no Chile, entre 1970 e 1973
Joan conseguiu escapar da prisão graças à intervenção da embaixada britânica em Santiago, e viajou a Londres com suas duas filhas, onde viveu até meados dos Anos 80.
De volta ao Chile após o fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), Joan Jara criou a companhia Danza Espiral, uma das mais importantes do país andino e responsável por formar várias gerações de bailarinos e coreógrafos chilenos desde então.
Paralelamente, criou a Fundação Víctor Jara, através da qual não só buscou esclarecer a verdade sobre o assassinato do seu marido como também trabalhou no resgato histórico das políticas culturais promovidas pelo governo de Allende.
Seu processo de naturalização para a nacionalidade chilena, durante os Anos 2000, foi conturbado, devido à resistência de alguns setores da direita, mas acabou sendo definido em 2009, graças à um decreto da então presidente chilena Michelle Bachelet.
Em 2021, Joan Jara recebeu o Prêmio Nacional de Artes Cênicas e Audiovisuais, uma das honrarias mais importantes do Chile em seu ramo.
A Fundação Víctor Jara, realiza o velório da artista nesta segunda-feira (13/11) na sede da companhia Danza Espiral, no Centro de Santiago.