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Transgênicos são uma ameaça ou a solução?
SOLUÇÃO
A opinião pública parece polarizada sobre a segurança dos transgênicos e sobre sua utilidade. As dúvidas são muito mais fruto da desinformação do que da complexidade da questão. Plantas e microrganismos transgênicos são adotados em larga escala no mundo, tanto na alimentação e em rações como na produção de drogas, de enzimas e de um enorme leque de produtos industriais. Assim, não cabe mais a pergunta que se fazia antes: a tecnologia vai decolar?
Leia a opinião da professora Marijane Vieira Lisboa, que defende que transgênicos são AMEAÇA:
Falsos problemas e pseudo-soluções
Wikicommons
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A discussão sobre sua segurança é, também, uma questão essencialmente resolvida: para todas as plantas transgênicas no mercado rigorosas avaliações de risco foram levadas a cabo pelas autoridades nacionais de cada país que adotou a tecnologia e todas concordaram em que estas plantas são tão seguras quanto suas equivalentes não transgênicas.
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Após 10 anos de comercialização e uso intenso, não há sequer um relato sério de impacto deletério ao ambiente ou à saúde humana ou animal (exceto pelas vozes isoladas usuais em qualquer campo de conhecimento).
A pergunta que se deve fazer, então, é: a transgenia, sobretudo de plantas, ajudará na solução dos problemas que a humanidade enfrenta?
Podemos começar a responder esta pergunta com uma formulação de uma questão parcial, já quase histórica: que problemas as plantas transgênicas resolveram até agora e quais outros ela potencialmente agravou?
A maior parte das plantas transgênicas é tolerante a herbicidas ou resistente a insetos. No primeiro caso o problema resolvido é o controle eficiente de ervas daninhas, permitindo a adoção do plantio direto, ecologicamente muito mais adequado que o uso de arados, e reduzindo muito os custos com o combate às pragas (redução de maquinaria, horas trabalhadas, emissão de CO2, etc.). No segundo caso há ganhos econômicos e ecológicos importantes com a redução da aplicação de inseticidas de largo espectro.
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Embora todos estes ganhos pareçam óbvios, eles não são percebidos como ganhos ambientais (para todos) e econômicos (para o agricultor e, em última instância, para o consumidor) por um setor da sociedade que se opõem aos transgênicos, mas como ganhos para as empresas de sementes, em geral multinacionais. De fato, elas também ganham, como em todo mercado global, e isso é a regra neste mercado: um bom negócio é aquele em que todos ganham.
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A segunda parte da pergunta é: em que as plantas transgênicas (e outros organismos geneticamente modificados) podem ajudar a resolver os problemas da humanidade, e de que forma podem agravá-los?
Ainda que sozinhas não sejam a solução para o problema crucial de alimentar 9 bilhões de pessoas em 20120 (e este será o foco nestas frases finais), elas podem ajudar de muitas formas: plantas com tolerância a estresses de solo ou de água vão permitir a produção de alimentos em áreas hoje impróprias para isso, além de garantir as safras em momentos de falta de chuva.
Plantas com maior produtividade e resistentes a um amplo leque de pragas permitirão maiores safras e alimentos de melhor qualidade. E, finalmente, plantas com melhor composição serão importantes para evitar alergias e doenças metabólicas e combaterão a subnutrição. Se os avaliadores de risco continuarem a fazer direito seu trabalho, os danos serão provavelmente nulos.
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Podemos concluir, com uma boa dose de confiança, que os transgênicos vão dar à humanidade muito mais ajuda que problemas: ainda que não sejam, sozinhos, a solução para nossos futuros problemas, tampouco serão a causa do Armaggedom.
(*) Paulo Paes de Andrade é professor adjunto da Universidade Federal de Pernambuco e membro da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio)
*Os artigos publicados em Duelos de Opinião não representam o posicionamento de Opera Mundi e são de responsabilidade de seus autores.