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Super-Revolucionários

Florestan: a força das ideias

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'Sou um marxista que acha que a solução para os problemas dos países capitalistas está na revolução'

Haroldo Ceravolo Sereza

São Paulo (Brasil)
2020-02-12T17:00:00.000Z

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Florestan Fernandes (1920-1995) percorreu uma trajetória incomum no país: filho de uma mulher trabalhadora e mãe solo, pode estudar apenas até a terceira série do ensino fundamental. Precisava ajudar no orçamento da casa, o que fez varrendo barbearias em troca de gorjetas, engraxando sapatos e trabalhando como auxiliar de alfaiataria antes de conseguir um posto de garçom. 

Como garçom, a inteligência de Florestan chamava a atenção, e instigado por alguns jornalistas e intelectuais que frequentavam o Bar Bidu, no centro de São Paulo, foi fazer o curso de madureza. Do curso de madureza, entrou em Ciências Sociais na USP. Foi elevado a professor-assistente ao fim da graduação, fez mestrado e doutorado e tornou-se uma das maiores referências do pensamento social brasileiro. 

Depois de Florestan, a sociologia nunca mais foi a mesma no Brasil. Florestan foi também, desde os anos 1940, um militante político, primeiro no Partido Socialista Revolucionário, liderado por Hermínio Sacchetta, que fora expulso do PCB por "trotskismo". Combinando métodos funcionalistas, conceitos da sociologia alemã e o conhecimento marxista, Florestan publicaria, nos anos 1970, A revolução burguesa no Brasil, o que o inscreveu no rol dos grandes "intérpretes do Brasil". 

Entre 1986, foi eleito deputado pelo PT, atuando, na Constituinte, sobretudo no capítulo referente à educação. Em 1990, foi reeleito deputado para mais um mandato. Em 1995, ainda escrevia regularmente nos jornais, apesar da precária situação de saúde: nos anos 1970, durante uma transfusão de sangue, contraíra o vírus da hepatite C. Morreu em 22 de agosto, após um mal sucedido transplante de fígado. 

Florestan é a mais nova carta do baralho Super-Revolucionários, que os sites Opera Mundi e Nocaute publicam em conjunto. Já foram publicadas as cartas de Pagu, Hugo Chávez, Rosa Parks, Vladmir Lênin, Clara Zetkin, Ernesto Che Guevara, Antonio Gramsci, Fidel Castro, Liudmila Pavlichenko, Luís Carlos Prestes, Frida Kahlo, Alexandra Kollontai, Bela Kun, Nelson Mandela, Mao Zedong, Simone de Beauvoir, Stálin, Marina Ginestà, Ho Chi Minh, Leon Trotsky, Olga Benario, Karl Marx, Salvador Allende, Tina Modotti, Carlos Marighella, Rosa Luxemburgo e Franz Fanon. 

Com concepção e texto de Haroldo Ceravolo Sereza e desenho do artista plástico Fernando Carvall, as cartas do baralho Super-Revolucionários, numa análise séria, mas sem perder o humor jamais, atribuem "notas" à atuação desses grandes nomes da luta por um mundo mais justo e solidário.

Em 2020 ainda, alcançaremos um número suficiente de cartas para montar um jogo inspirado no conhecido Super Trunfo e publicar um livro com os cards e informações sobre esses heróis da resistência e da transformação. 

As notas são provisórias e estão sujeitas a modificação.

REBELDIA 8

Florestan comemorou, nas ruas de São Paulo, em 1930, a chegada de Getúlio Vargas ao poder. Era uma criança trabalhadora, que confiava que uma mudança profunda viria. Muitas das expectativas foram frustradas, mas esse foi o primeiro gesto político de um pensador que militou dos anos 1940 até a morte, em 1995, após um transplante fracassado de fígado.

DISCIPLINA 10

Um dos primeiros trabalhos políticos de Florestan foi traduzir, para a editora Flama, do PSR, a obra Contribuição à crítica da economia política, de Karl Marx. A dedicação de Florestan aos estudos e à defesa de transformações sociais de caráter progressista fizeram dele uma referência de lealdade e de firmeza de posições.

TEORIA 10

Florestan foi um dos mais prolíficos e engajados pensadores do Brasil. Estudou a cultura indígena na pós-graduação, produziu e orientou pesquisas que puseram por terra a ideia de que o Brasil era um exemplo de democracia racial e enxergou a história do país numa perspectiva marxista.

POLÍTICA 7

Florestan demorou para encontrar um espaço político em que pudesse expressar sua combatividade e suas posições de forma efetiva. Durante a campanha em defesa da escola pública, nos anos 1960, encontrou-se no papel de intelectual público. Não foi um dos fundadores do PT, em 1980, mas ingressou no partido em 1986 e dele não saiu. Nem sempre se sentia confortável dentro da estrutura partidária, o que contornava produzindo textos densos sobre a conjuntura política que formaram muitos militantes.

COMBATIVIDADE 9

Como escreveu Antonio Candido, Florestan "tinha um alto senso de dever como cidadão e como socialista. Entrou nessa luta, sofreu com isso, foi punido. Nunca baixou a crista”.

INFLUÊNCIA 9

A influência de Florestan, autor de Circuito fechado, O que é revolução? e O negro no mundo dos brancos, entre muitos outros, não se limita à luta político-partidária. Florestan é um dos pais fundadores da sociologia profissional no Brasil e também um teórico que apoiou e influenciou o movimento negro, a teoria da dependência e a busca por alternativas socialistas no Brasil e na América Latina.

                                       


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Notas internacionais

Notas internacionais: eleições no Equador e no Peru - 12 de abril de 2021

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Equador e Peru foram às urnas eleger seus novos presidentes, com resultados que surpreenderam

Ana Prestes

Brasília (Brasil)
2021-04-12T22:11:48.000Z

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EQUADOR: No Equador, o candidato da direita, Guilherme Lasso, do movimento Criando Oportunidades (CREO), em aliança com o Partido Social Cristão (PSC), venceu o segundo turno das eleições presidenciais com 52,5% dos votos contra 47,50 de Arauz. Havia muita expectativa em torno da candidatura do economista Andrés Arauz, que pontuava na dianteira nas pesquisas durante quase todo o período de campanha do segundo turno que durou dois meses. Nos dias que antecederam o domingo eleitoral (11) as pesquisas já apontavam perda de fôlego de Arauz e subida de Lasso. De todo modo, as pesquisas de boca de urna davam vitória apertada para Arauz. A Cedatos chegou a dar 53,2% a 46,7%. 

Lasso é um homem de 65 anos, historicamente vinculado ao setor financeiro, em especial ao Banco de Guayaquil, tendo sido ministro da economia do governo de Jamil Mahuad (1998-2000). Esta é a terceira vez que ele concorre à presidência do Equador (2013, 2017, 2021). Nas eleições anteriores ele ficou em segundo lugar. Um dos fatores que impactou muito no resultado eleitoral foi o fracionamento do movimento indígena. A Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE) decidiu em seu conselho ampliado, no dia 10 de março, pelo voto nulo. No entanto, uma parte das nacionalidades amazônicas divergiram e foram acompanhadas do presidente da Conaie, Jaime Vargas, na declaração de apoio a Arauz. Vargas chegou a dizer em um encontro no dia 3 de abril, em Sucumbíos, que “suas propostas (de Arauz) têm o respaldo absoluto do movimento indígena”. No dia 4 de abril veio a reação do conselho dirigente da Conaie ao dizer que ia “impulsionar o voto nulo” e que “não cai em jogo eleitoral”. A apuração está apontando para um milhão e seiscentos mil votos nulos. O universo de votantes é de 13 milhões. (Com infos de resumenlatinoamericano.org)

PERU: O domingo também foi de eleições no Peru. Uma eleição que era extremamente imprevisível, com 18 candidatos concorrendo, teve um resultado de primeiro turno surpreendente. O candidato Pedro Castillo, professor e sindicalista, do Partido Político Nacional Peru Livre, obteve a maior votação, com 16%. Seguido de três candidatos com pouco mais de 10%: Hernando de Soto (Avança País), Keiko Fujimori (Força Popular), Jonhy Lescano (Ação Popular) e Rafael López Aliaga (Renovação Popular). Veronika Mendoza (Juntos por Peru) pontua com 8,8%. Aquele que apontou por um tempo como primeiro colocado nas pesquisas, o jogador de futebol George Forsyth (Vitória Nacional) está com 6,4%. Esses ainda são dados preliminares da Ipsos Perú para a América Televisión. 

Pedro Castillo tem 51 anos e ganhou notoriedade no país ao encabeçar uma prolongada greve nacional do magistério em 2017 e ao longo da campanha nunca pontuou entre os prováveis mais votados nas pesquisas. Uma de suas propostas é trocar a atual Constituição do país convocando uma Assembleia Constituinte. Ele se posicionou nas eleições contra o recorte de gênero no currículo escolar e disse que em um eventual governo seu não se legalizaria o aborto, o casamento homoafetivo e a eutanásia. Pautas polêmicas no país. Propõe ainda 10% do PIB para saúde e educação. As últimas pesquisas apontavam para uma liderança de Lescano. O segundo turno será em 6 de junho e o novo presidente assume em 28 de julho. Os peruanos também votaram ontem (11) para renovar o Congresso, que é unicameral e possui 130 cadeiras. A tendência é de que a votação para o parlamento tenha sido fragmentada e atomizada tal como a presidencial. O Peru vive uma crise institucional prolongada, sendo que dos dez presidentes que o país teve desde os anos 80, sete foram presos nos últimos anos envolvidos em escândalos de corrupção.

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