Bela Kun (1886-1938) foi o principal dirigente da efêmera República de Conselhos da Hungria, o primeiro regime de inspiração comunista a se constituir na Europa após a Revolução Russa.
Inspirado por Lenin e Trotsky, filho de pai judeu e de uma mãe calvinista, ambos não praticantes de sua religião, Kun comandou a primeira tentativa de internacionalizar a revolução de 1917.
Aproveitando-se da falência que a Primeira Guerra Mundial representou para o império Austro-Húngaro, e apoiado por Lênin e Trotsky, Kun foi um dos fundadores do Partido Comunista Húngaro e, aliado aos sociais-democratas, proclama a República de Conselhos da Hungria, que tem vida breve, de março a outubro de 1919.
Para o Brasil, Kun acabou sendo uma referência para a grande farsa do Plano Cohen, um falso projeto comunista de derrubar Getúlio Vargas, em 1937. O “plano” foi, na verdade, elaborado pelo então capitão Olímpio Mourão Filho, na época chefe do estado-maior da milícia da Ação Integralista Brasileira e chefe de seu serviço secreto. Em 1964, Mourão Filho seria o responsável por deflagar o golpe militar que derrubou João Goulart. O “Cohen” do plano era uma referência a Kun, uma referência escolhida pela cúpula militar para dar credibilidade à mentira, segundo revelou o general Góes Monteiro, em 1945, quando acaba a ditadura Vargas.
Kun é a nova carta do baralho Super-Revolucionários, que os sites Opera Mundi e Nocaute vêm publicando ao longo de 2019. Com concepção e texto de Haroldo Ceravolo Sereza e ilustrações de Fernando Carvall, este baralho traz, de forma bem humorada e sem perder a ternura jamais, “notas” em diferentes quesitos para homens e mulheres que se engajaram na luta por uma sociedade mais justa e igualitária.
Nosso baralho já trouxe as cartas de Luís Carlos Prestes, Frida Kahlo, Alexandra Kollontai, Nelson Mandela, Mao Zedong, Simone de Beauvoir, Ho Chi Minh, Leon Trotsky, Olga Benario, Karl Marx, Salvador Allende, Tina Modotti, Carlos Marighella e Rosa Luxemburgo.
A ideia é, tão logo alcancemos um número suficiente de cartas, lançarmos um jogo inspirado no conhecido Super-Trunfo, junto com um livro com informações essenciais sobre esses super-revolucionários.
As notas são provisórias e estão sujeitas a modificação.
REBELDIA 8
Escrevendo sobre Kun, Lênin avaliou que ele era inteligente, enérgico e carismático, mas demasiadamente impulsivo. A impulsividade de Kun certamente foi importante para que ele se tornasse rapidamente o principal líder do governo dos conselhos, mas também o fez perder o apoio necessários para o novo regime ao forçar um processo de coletivização de terras em empresas com excessiva violência. O “terror branco” que sucedeu o “terror vermelho” de Kun foi, no entanto, ainda mais violento.
DISCIPLINA 6
O comunista húngaro foi um fiel aliado da revolução. Depois da derrota na Hungria, foi comissário político do Exército Vermelho e enviado para apoiar o Partido Comunista Alemão numa tentativa de sublevação contra a República de Weimer. O caráter excessivamente “esquerdista” da estratégia adotada foi duramente criticado por Lênin, segundo Victor Serge, em “Memórias de um Revolucionário”.
TEORIA 5
Kun se notabilizou pelo otimismo da vontade e pelo engajamento na revolução, nunca foi considerado um grande teórico.
POLÍTICA 6
Ainda que tenha tido o feito notável de liderar a revolução húngara, Kun cometeu diversos erros. Durante os expurgos stalinistas, foi acusado de trotskismo e morto pelo regime soviético, vindo a ser reabilitado nos anos 1950.
COMBATIVIDADE 6
Kun pode ter cometido, como dizia Lênin, uma série de besteiras, gerando até mesmo o trocadilho “kuneries” (brincadeira com “connerie”, idiotice em francês), mas nunca de deixou de ser um combatente socialista.
INFLUÊNCIA 5
Pouco depois de uma década após liderar a revolução húngara e de participar da organização malograda do Partido Comunista Alemão, Kun já era uma liderança pouco influente.
Fernando Carvall
Kun foi um dos fundadores do Partido Comunista Húngaro