Os carabineros (polícia militar chilena) reprimiram nesta sexta-feira (25/10) com bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água uma manifestação em torno do Congresso Nacional chileno, que fica na cidade de Valparaíso. Segundo o jornal El Mercúrio, um grupo de cerca de 25 manifestantes conseguiu atravessar as grades do edifício, mas foi detido ainda nos jardins do Parlamento e não conseguiu entrar no prédio.
Os parlamentares haviam sido evacuados de maneira preventiva. O presidente da Câmara, Iván Flores, disse que pediu pessoalmente aos que não fossem essenciais para o funcionamento do edifício que saíssem do local.
Em Santiago, a cerca de 130 km de Valparaíso, está previsto um protesto que a imprensa local classifica como, sendo, potencialmente, um dos maiores da história. Já há manifestantes reunidos no local determinado como ponto de encontro.
Este é o oitavo dia de protestos no país. Já foram 19 mortes registradas, com 2.840 pessoas detidas e 295 feridas por armas de fogo. Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile e atualmente alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, disse que enviará, na próxima segunda-feira (28/10), uma missão de verificação para acompanhar os conflitos no país e examinar denúncias de violações dos direitos humanos.
Manifestações
As manifestações começaram na semana passada, com o anúncio do aumento das passagens do metrô. E mesmo depois de o presidente Sebastián Piñera ter voltado atrás e cancelado o aumento, os protestos continuaram. O Chile, um país reconhecido por ter bons indicadores de governança, expôs suas debilidades e uma grande desigualdade social. Os manifestantes reclamam do alto custo de vida, dos baixos salários e aposentadorias, do sistema de saúde e educação, que não é acessível a todos.
Fotomovimiento/FlickrCC
Manifestações no Chile entraram no 8º dia; Congresso do país foi evacuado
Piñera anunciou um pacote de medidas para tentar acalmar os ânimos e conter as manifestações, mas não foi suficiente. Os protestos continuaram. A população argumenta que nenhuma das medidas anunciadas terá aplicação imediata e que são iniciativas que ainda terão de passar pelo Congresso.
Caminhoneiros
As entradas de Santiago amanheceram nesta sexta tomadas por caminhoneiros, taxistas, carros particulares e motociclistas em protesto contra o aumento do pedágio nas autopistas que passam pela cidade.
A principal reclamação é relacionada com o aumento das tarifas. Anualmente, as concessionárias reajustam o preço do pedágio devido à fórmula prevista nos contratos, que prevê um fixo de 3,5% mais a inflação acumulada. Isso possibilitou que as operadoras das rodovias da região metropolitana de Santiago aumentassem o valor em 6,4%.
O TAG-Televia, sistema de pedágio usado no Chile, é semelhante ao Sem Parar, de São Paulo, em que o motorista pode passar pela praça direto, tendo descontado o valor correspondente de maneira automática. A diferença, no Chile, é que o preço varia de acordo com o movimento da estrada e o momento do dia.
(*) Com Agência Brasil