Milhares de pessoas foram às ruas de diversas cidades do Chile nesta quarta-feira (23/10) em respaldo à greve geral convocada por centrais sindicais, movimentos populares e organizações estudantis em rechaço ao governo neoliberal de Sebastián Piñera.
Além de Santiago, capital do Chile, regiões como Valparaíso e La Serena também registraram diversas marchas. Na capital, manifestantes se concentraram em pontos da região central da cidade como a Plaza Italia e a Avenida Vitacura. Segundo o jornal El Mostrador, também foram realizados panelaços e apresentações artísticas.
A greve geral marca o 5º dia consecutivo de protestos no país que começaram após um aumento na tarifa do metrô e se viraram contra o modelo neoliberal de governo proposto pelo presidente Sebastián Piñera.
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Em coletiva realizada nesta quarta-feira, as diversas centrais sindicais que convocaram a greve geral afirmaram que o balanço do dia de hoje é positivo pois “o povo respondeu à convocação, o povo despertou”.
“Conseguimos, depois de muitos anos e muito esforço, reunir distintas organizações sociais que temos diferenças entre nós, mas entretanto fizemos um esforço gigantesco para colocar frente a todas nossas legítimas aspirações um tema que é central que é a restituição dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras chilenas”, disseram.
CUT Chile/Reprodução
Além de Santiago, capital do Chile, regiões como Valparaíso, La Serena também registraram diversas marchas na greve
Além disso, o governo decretou pelo 5º dia consecutivo um toque de recolher na região metropolitana do país. Em Santiago, o toque está programado para começar às 22h até às 4h da quinta-feira (24/10). Já em Valparaíso, a restrição da circulação nas ruas da cidade será das 18h às 5h desta quinta. Enquanto outras regiões como Talca e Puerto Montt, das 21h às 6h.
ONU
De acordo com o jornal La Tercera, alguns deputados de oposição ao governo de Piñera enviaram uma carta para o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, comandado pela ex-presidente chilena Michelle Bachelet, solicitando uma equipe para avaliar os episódios de violência e repressão das forças de segurança contra os manifestantes.
A deputada Carmen Herts, do Partido Comunista do Chile, destacou que foi pedido às Nações Unidas que “observem a situação do país para que possam informar a grave situação de violação dos direitos fundamentais que estamos vivendo”.
O subsecretário do Interior do Chile, Rodrigo Ubilla, confirmou nesta quarta-feira (23/10) que o número de mortos em decorrência das manifestações contra o governo chegou a 18. A informação vem após o quarto dia de toque de recolher, decretado pelo governo de Sebastián Piñera nas maiores cidades do país.
Segundo Ubilla, entre as vítimas fatais há uma criança de quatro anos, que morreu após um veículo atropelar manifestantes que protestavam pacificamente em San Pedro de La Paz.
Protestos
A greve geral iniciada nesta quarta-feira vem em meio aos protestos desencadeados por um aumento de 30 pesos (R$ 0,20) nas tarifas do metrô em Santiago, mas que logo abarcaram a insatisfação com a desigualdade social e o governo neoliberal do atual presidente.
Em reação às manifestações, Piñera decretou estado de emergência em 15 das 16 regiões do Chile, impôs toque de recolher em algumas zonas, especialmente Santiago, e colocou o Exército nas ruas. O presidente disse nesta terça-feira que só encerrará o estado de emergência quando a segurança for totalmente restabelecida.