O 7º Tribunal de Garantia de Santiago, capital do Chile, aceitou nesta quarta-feira (06/11) uma denúncia contra o presidente Sebastián Piñera por crimes contra a humanidade devido aos episódios de repressão durante os protestos que tomam as ruas do país há mais de duas semanas.
A ação legal havia sido apresentada na última segunda-feira (04/11) por três coletivos de juristas chilenos – Defensoria Popular, Comitê de Defesa do Povo Irmãos Vergara Toledo e Cooperativa Jurídica – com o objetivo de cobrar investigações sobre “a participação criminosa do presidente como autor de crimes contra a humanidade […] no marco de um ataque sistemático e generalizado contra a população civil que foi às ruas durante essas últimas semanas”.
Ao aceitar a denúncia, o Tribunal solicitou que o ex-ministro do Interior, Andrés Chadwick, o diretor-geral dos Carabineros (polícia militar chilena), Mario Rozas, e o general do Exército Javier Iturriaga, testemunhassem no caso.
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Segundo os advogados autores da denúncia, “o presidente da República e as diferentes autoridades policiais e militares, longe de controlar e condenar o alto número de atendados contra a população civil, declararam publicamente seu respaldo e felicitaram a atuação das forças militares”, disseram os coletivos.
Reprodução
Ação foi apresentada por coletivos de juristas visando investigações sobre participação do presidente na repressão contra manifestantes
Repressão
As manifestações que tomam as ruas de diversas cidades chilenas há duas semanas começaram após o anúncio do aumento das passagens do metrô na capital. E mesmo depois de o presidente Sebastián Piñera ter voltado atrás e cancelado o aumento, os protestos continuaram. Além disso, os manifestantes reclamam do alto custo de vida, dos baixos salários e aposentadorias, do sistema de saúde e educação, que não é acessível a todos.
Desde o início das marchas chilenas foram registrados diversos casos de repressão e violência por parte das forças de segurança. Os números oficiais dão conta de 1.132 feridos por balas, balas de borracha, armas de fogo e perda de visão, 3.535 pessoas presas, 76 acusações de tortura e 18 de violência sexual pela ação das forças de segurança nos protestos.