O candidato à Presidência do Equador pelo partido indígena Pachakutik, Yaku Pérez, disse nesta quarta-feira (17/02) que não irá apoiar Guillermo Lasso, candidato de direita pelo Movimento CREO, caso o direitista dispute o segundo turno das eleições no país.
“Não sonhe que vamos apoiar o crime organizado e a corrupção do senhor Guillermo Lasso. Somos os únicos que podem vencer”, disse.
As declarações do candidato indígena acontecem após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) equatoriano recusar o pedido de comum acordo entre Pérez e Lasso que previa a recontagem de 50% dos votos de em 16 de 24 províncias e de 100% dos sufrágios na província de Guayas, onde fica Guayaquil, a maior cidade do país.
Mesmo sem apresentar provas, Pérez disse novamente que ocorreram fraudes nas eleições de 7 de fevereiro. Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta, o candidato pelo Pachakutik afirmou pedirá ao CNE que interrompa o escrutínio até que votos com irregularidades sejam apurados.
Pérez disse ainda que irá aderir às mobilizações de organizações indígenas para exigir que seu pedido de recontagem das 16 províncias e de Guaya sejam realizadas. “Nem sempre você ganha nas instâncias jurídicas e nas instituições. Sem a mobilização social, é muito difícil para eles aceitarem a verdade”, declarou.
Lasso e Pérez brigam pelo segundo lugar na apuração e, consequentemente, pelo direito de enfrentar o correísta Andrés Arauz no segundo turno, previsto para 11 de abril. Pérez chegou a liderar a disputa pela segunda vaga, mas na última semana, o “banqueiro” Lasso virou e começou a abrir vantagem, se consolidando como o candidato que deve ir à próxima rodada de votação.
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Sem apresentar provas, candidato à Presidência pelo partido indígena Pachakutik denuncia supostas fraudes no pleito
Recontagem dos votos
O Conselho Nacional Eleitoral equatoriano havia decidido na noite de sexta-feira (12/01), em acordo com Lasso e Pérez, realizar uma recontagem de 50% dos votos de em 16 de 24 províncias e de 100% dos sufrágios na província de Guayas.
Esse foi o segundo pedido de recontagem feito por Pérez. Na semana passada, o candidato já havia solicitado ao conselho que fossem recontados os votos em sete províncias: Pichincha (onde fica a capital Quito), Guayas (onde fica Guayaquil), Manabí, Los Ríos, Esmeraldas, El Oro e Bolívar.
Disputando com Pérez o segundo lugar, Lasso foi contra a recontagem nacional dos votos. O direitista afirmou que uma possível recontagem nas 24 províncias do país poderia “beneficiar Andrés Arauz”, além de ultrapassar os dias estipulados para a publicação do resultado oficial.
Lasso, entretanto, concordou que fosse realizada uma recontagem nas urnas da cidade de Guayaquil, já que o candidato indígena também alega fraudes nessa região.
No entanto, um dia após o acordo, o candidato pela aliança CREO-PSC voltou atrás da decisão. Em carta enviada ao CNE, Lasso pediu que fossem promulgados os resultados do primeiro turno eleitoral, “sem prejuízo das correspondentes contestações que se apresentem nos termos da lei”.
As eleições de 7 de fevereiro foram vencidas pelo candidato presidencial da aliança de oposição União pela Esperança (Unes), Andrés Arauz, com 32,7%. Segundo a Constituição do Equador, para vencer a eleição presidencial no primeiro turno, o candidato deve obter mais de 50% dos votos ou mais de 40% dos votos, abrindo 10 pontos percentuais de vantagem sobre o segundo colocado.
Lasso, indicado pelo movimento Creando Oportunidades (CREO), em aliança com o Partido Social Cristão (PSC), e Pérez, candidato do partido indígena Pachakutik, disputam o segundo lugar – o direitista tem 19,74% dos votos; Pérez, 19,38%. A diferença entre os dois é de 33.070 votos.