A candidata de ultradireita no segundo turno das eleições peruanas, Keiko Fujimori, anunciou na noite desta quarta (09/06) que vai pedir a recontagem de 200 mil votos por uma suposta fraude para qual, até agora, não obteve provas. O órgão nacional eleitoral peruano deve confirmar oficialmente em breve a derrota dela para o esquerdista Pedro Castillo, que, mostra a apuração, é o virtual presidente eleito do país.
A diferença entre os dois candidatos é de cerca de 70 mil votos. Com 99,129% dos boletins de urna computados, Castillo tem 50,204% dos votos.
Veja os números mais recentes da apuração no Peru:
É a primeira vez na história eleitoral do Peru que um candidato pede a anulação de votos para tentar modificar o resultado. De acordo com o jornal La República, Keiko quer que sejam desprezados votos provenientes dos Estados Unidos, da região central de Lima e dos departamentos de Áncash, Arequipa, Cajamarca, Cusco, Huancavelica, Loreto e Pasco.
Castillo aparece como vencedor em todas as atas questionadas por Keiko.
Durante a apresentação do caso, a candidata deixou que seu advogado, Miki Torres, falasse. Segundo ele, haveria um plano do Perú Libre, partido de Castillo, para falsificar os resultados. Torres não explicou como esse plano se deu, mas disse que um dos indícios seriam boletins de urna assinados por pessoas com sobrenomes iguais.
Outro advogado, Julio César Castiglioni, acusou o Perú Libre de, nos rincões do país, “encher à vontade as urnas [de votos]”, mas não apresentou prova nenhuma para sustentar a afirmação.
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Keiko Fujimori pede a anulação de votos sob alegações de fraude que não consegue provar
Depois da virada, a “fraude”
Quando ainda estava liderando o pleito, no início da apuração, com seis pontos percentuais de vantagem, a filha de Alberto Fujimori pedia calma dos apoiadores, mas não falava de fraude. As declarações de Keiko aconteceram após Castillo passar na frente dela na apuração.
Ainda na segunda (07/06) , o Júri Eleitoral Nacional (JNE) do Peru e comissões de observadores internacionais que acompanharam o segundo turno no país rejeitaram as afirmações que Keiko havia começado a fazer sobre as supostas “irregularidades” eleitorais.
Sem apresentar provas, apenas vídeos de supostas fraudes, a candidata direitista disse já naquele dia que havia uma “clara intenção de boicotar a vontade popular” por parte das autoridades peruanas.
Por sua vez, a Missão de Observação da União Interamericana de Organizações Eleitorais (Uniore) indicou que as eleições foram bem-sucedidas e reconheceu todo o processo eleitoral, apontando que o pleito foi “organizado de maneira correta e com êxito, de acordo com os padrões nacionais e internacionais”.
Já o chefe da Missão de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o ex-chanceler do Paraguai Rubén Ramírez Lezcano, já havia solicitado, horas antes das declarações de Keiko à imprensa ainda na segunda, que “quaisquer inconformidades sejam resolvidas pelos canais legais”.
Lezcano também declarou que os dados recolhidos pela missão da OEA “confirmam a estreiteza dos resultados”. “Apelo respeitosamente aos cidadãos e atores políticos para que esperem com paciência e calma pelos resultados oficiais e se conduzam com responsabilidade e espírito democrático”, acrescentou.