O presidente da França, Emmanuel Macron (A República em Marcha), foi reeleito neste domingo (24/04) para mais cinco anos no cargo após derrotar a extremista de direita Marine Le Pen (Reagrupamento Nacional). Projeções iniciais, logo após o fechamento das urnas, apontavam para uma vitória confortável, apesar de menos substancial se comparada com a de 2017.
Veja os números oficiais da apuração das eleições presidenciais da França:
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Melhor resultado da extrema direita na França
Em 2017, Macron teve uma vitória mais folgada em cima de Le Pen: 66,1% contra 33,9%. O resultado da candidata neste ano é o melhor já obtido por uma agremiação de extrema direita na França em uma eleição presidencial.
Em 2012 e 2007, os extremistas não chegaram a ir para a segunda rodada. No entanto, em 2002, o pai de Marine, Jean-Marie Le Pen, conseguiu surpreendentemente passar para segunda volta contra o então presidente Chirac, desbancando o então primeiro-ministro socialista Lionel Jospin.
Jean-Marie perdeu de maneira acachapante, obtendo apenas 18% dos votos – contra 82% do então presidente.
Macron: 'presidente de todos'
Em discurso na frente da torre Eifel, em Paris, Macron agradeceu a votação. “Obrigado, queridos amigos. A maioria de vocês escolheu depositar sua confiança em mim por mais cinco anos”, disse.
Ele reconheceu que muitos votos a ele foram para evitar a vitória de Le Pen, mas tentou passar uma mensagem de unidade.
“Sei que muitos franceses votaram em mim para bloquear a extrema direita. Também quero agradecê-los, e dizê-los que seus votos me colocam uma obrigação. Agradeço àqueles que se abstiveram, que não conseguiram se decidir, aqueles que votaram por Le Pen… porque, agora, não sou o candidato de um dos campos, mas o presidente de todos”, discursou.
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Le Pen reconheceu derrota
Marine Le Pen reconheceu a derrota para Macron. De acordo com a emissora Franceinfo, a candidata ligou para o presidente reeleito e o parabenizou pela vitória.
“Claro que gostaríamos que o resultado fosse diferente. Com mais de 43% dos votos, isso representa uma grande vitória. Milhões de nossos compatriotas escolheram o [partido] Reagrupamento Nacional”, disse a candidata derrotada.
O discurso de derrota de Le Pen, no entanto, também foi um discurso de campanha. As eleições legislativas na França acontecerão em junho, e é do interesse do partido de extrema direita de fazer a maior bancada possível e conseguir influir na escolha do primeiro-ministro do país, que precisa ter apoio do Parlamento para conseguir montar gabinete.
“Estamos mais determinados do que nunca. Não tenho ressentimento ou raiva. Não vamos esquecer que a França foi esquecida. As ideias que representamos alcançaram novos limites. Nesta derrota, não consigo deixar de sentir esperança”, disse.
Mélenchon: terceiro turno
Por sua vez, o candidato da esquerda nas eleições presidenciais da França, Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa) – que não passou para o segundo turno por 1,2 ponto percentual – disse que, com a reeleição de Emmanuel Macron, inicia-se o “terceiro turno das eleições”.
“O 'terceiro turno' começou e é essencial que as forças unidas da esquerda – a nova União Popular – consiga a maioria na Assembleia Nacional”, disse. Caso isso ocorra, o próprio Mélenchon pode acabar virando primeiro-ministro.
O esquerdista comemorou a derrota de Le Pen. “Ela foi vencida. A França claramente se recusou a confiar seu futuro nela, e isso é uma boa notícia para a unidade do nosso povo”, afirmou.
Ao mesmo tempo, Mélenchon lembrou que Macron obteve um resultado pouco largo frente à opositora. “Emmanuel Macron se tornou o presidente com a pior eleição da Quinta República. A vitória dele flutua em um oceano de abstenções e votos nulos”, disse.