O principal destaque desta semana em Opera Mundi foi o anúncio do 12º golpe de Estado na Tailândia desde o fim da monarquia absolutista, em 1932, pelo chefe do Exército, Prayuth Chan-Ocha, na quinta (23/05). No dia seguinte, Chan-Ocha se autoproclamou primeiro-ministro provisório e responsável pelo CNPO (Conselho Nacional para a Paz e a Ordem), nome oficial da junta militar.
Carlos Latuff/ Opera Mundi
A intenção do golpe, afirma Chan-Ocha, é “voltar à normalidade rapidamente”. Segundo ele, a tomada de poder aconteceu para “reformar a estrutura política, a economia e a sociedade”. Os militares estavam há dois dias reunidos para tentar achar uma solução para a crise política do país, mas não haviam chegado a um acordo.
Após suspender a Constituição, proibir a realização de reuniões públicas, decretar toque de recolher, expandir a censura e ameaçar bloquear as redes sociais e perseguir internautas, a junta militar intimou 39 proeminentes figuras políticas para que comparecessem a uma reunião.
Ontem, a ex-premiê da Tailândia, Yingluck Shinawatra, foi presa. Apesar disso, quando decretaram que a lei marcial na segunda (19/05), os militares negaram que se tratasse de um golpe de Estado.
A Tailândia é um dos mais antigos aliados dos EUA na Ásia. Para o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, não há justificativas para a intromissão dos militares no sistema político tailandês. Embora ainda não tenha anunciado nenhuma medida punitiva, o chanceler disse que o golpe terá “implicações negativas” com os EUA.
A crise na Tailândia se arrasta desde que um golpe depôs o então primeiro-ministro Thaksim Shinawatra, em 2006, e se agravou nos últimos seis meses. Em maio, Yingluck Shinawatra, irmã de Thaksim, eleita após a saída dele do cargo e acusada de corrupção e um dos alvos dos protestos, foi destituída pelo Tribunal Constitucional do país. Ela foi substituída, interinamente, pelo ministro do Comércio, Niwattumrong Boonsongpaisan.
Eleições colombianas à vista
Neste domingo (25/05), a Colômbia deverá eleger seu próximo presidente. No entanto, o país passa por uma série de escândalos, como as acusações de espionagem, a controvérsia entre os candidatos a respeito dos Diálogos de Paz com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o fantasma da expectativa de alto índice de abstenção no pleito.
Favorito para reeleição, o atual chefe de Estado, Juan Manuel Santos parte da bandeira eleitoral de “defensor da paz” com a guerrilha. Contudo, seu assessor de campanha, o venezuelano Juan José Rendón, renunciou no último dia 5, após a imprensa local denunciar que ele teria recebido US$ 12 milhões de um traficante de drogas para mediar com o governo a rendição de quatro chefes do tráfico.
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Já o principal rival de Santos – Óscar Iván Zuluaga, afilhado do ex-presidente Álvaro Uribe – é acusado de espionar e tramar ações contra o atual mandatário. Nas últimas semanas, ele admitiu que teve contato com o hacker Andrés Sepúlveda, detido na última semana por espionagem ao processo de paz do governo com as FARC. No entanto, afirmou haver “uma montagem e um complô” para deslegitimá-lo nas eleições presidenciais.
Efe
No poder entre 2002 e 2010, Uribe (dir) foi padrinho de Santos (esq) nas últimas eleições , mas romperam e agora Uribe apoia Zuluaga
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Outro assunto em pauta é o presidente Vladimir Putin, que declarou ontem que a Rússia vai reconhecer o resultado das eleições presidenciais ucranianas, que serão realizadas amanhã. Contudo, o líder russo pediu que as autoridades de Kiev interrompam a operação militar “antiterrorista” contra os separatistas do leste que levaram o país a “uma verdadeira guerra civil”. No início da semana, Putin, ordenou o fim dos exercícios militares realizados na fronteira entre dois países, determinando que cerca de 40 mil oficiais russos retornem às suas base.
Na quarta (21/03), Rússia e China assinaram um histórico acordo energético, após uma década de negociações. O valor total do contrato de comercialização de gás natural entre as empresas estatais dos dois países — a russa Gazprom e a chinesa CNPC (Corporação Nacional de Petróleo da China) — é de US$ 400 bilhões e valerá por 30 anos.
Efe
Putin (esq) encontrou Jiping (dir) hoje na base naval de Usun, em Xangai, para fechar acordos diplomáticos em meio a tensão com EUA
Finalmente, outro tema em destaque foi o sexto e penúltimo episódio da segunda temporada de Aula Pública Opera Mundi, com Reginaldo Nasser, professor de Relações Internacionais da PUC de São Paulo e cientista político. No programa, ele responde: “Qual a atual situação do Oriente Médio?”.
Para Nasser, o ocidente costuma analisar os países orientais com muito distanciamento. Entretanto, há muitas características semelhantes entre o mundo ocidental e as cidades que participaram da Primavera Árabe. “Se nós olharmos para a chamada Primavera Árabe, veremos que são pessoas nas praças pedindo melhor condição de vida e lutando contra a repressão. Nós tivemos isso em 2011 e 2012 também nos países da Europa e nos Estados Unidos”.