Hugo Rafael Chávez Frias (1954-2013) foi o 56º presidente da Venezuela e tornou-se, após 14 anos de mandato, uma figura central na história recente da América Latina.
Então tenente-coronel do Exército, Chávez tornou-se uma figura conhecida fora da Venezuela em 4 de fevereiro de 1992, quando, comandando cerca de 300 homens, tentou derrubar o presidente Carlos Andrés Pérez, da Acción Democrática.
A tentativa de por fim à crise econômica e política venezuelana, gerada pela gestão neoliberal de Pérez, por meio de uma ruptura, fracassou, apesar de um histórico de violentas manifestações contra o governo. A mais conhecida delas, ocorrida em 27 de fevereiro de 1989, o “Caracazo”, resultou na morte de cerca de trezentas pessoas, de acordo com fontes oficiais, e mais de mil segundo os críticos de Pérez.
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Chávez amargou dois anos de prisão, sendo anistiado pelo presidente Rafael Caldeira Rodríguez, quando Pérez já fora afastado do cargo devido a acusações de corrupção.
Após sair da prisão, Chávez fundou o Movimento 5ª República e comprometeu-se a não mais usar as armas para alcançar o poder. Surgia uma das mais transformadoras forças do continente, que chegaria ao poder pelo voto em 1999, após vencer a disputa de 1998.
Apesar das pressões internacionais, da queda do preço do petróleo e da tentativa incansável dos Estados Unidos de intervir na Venezuela, Chávez manteve-se no poder vencendo diversos processos eleitorais e legando um sucessor, Nicolás Maduro, que segue dirigindo o país.
A figura de Chávez transcendeu em muito a do militar que tenta um golpe de Estado: ele tornou-se símbolo de tenacidade de propósitos e de coragem no enfrentamento à política neocolonizadora dos EUA.
Depois de 14 anos no poder, Chávez morreu, em 5 de março de 2013, vítima de um câncer.
Chávez é mais nova carta do baralho Super-Revolucionários, que Opera Mundi e Nocaute estão publicando em conjunto. Já foram publicadas cartas de Vladmir Lênin, Clara Zetkin, Ernesto Che Guevara, Antonio Gramsci, Fidel Castro, Liudmila Pavlichenko, Luís Carlos Prestes, Frida Kahlo, Alexandra Kollontai, Bela Kun, Nelson Mandela, Mao Zedong, Simone de Beauvoir, Ho Chi Minh, Leon Trotsky, Olga Benario, Karl Marx, Salvador Allende, Tina Modotti, Carlos Marighella, Rosa Luxemburgo e Franz Fanon.
Com texto e concepção de Haroldo Ceravolo Sereza, e desenhos do artista plástico Fernando Carvall, essas cartas, numa análise séria, mas sem perder o humor jamais, atribuem “notas” à atuação desses grandes nomes da luta por um mundo mais justo e solidário.
A ideia é, depois de alcançarmos um número suficiente de cartas, montar um jogo inspirado no conhecido Super Trunfo e publicar um livro com os cards e informações sobre esses super-revolucionários.
As notas são provisórias e estão sujeitas a modificação.
REBELDIA 8
A entrada de Chávez no Exército, aos 17 anos, se explica pela sua origem popular. Foi uma escolha de carreira, muito comum nas famílias mais simples. Na década de 1980, aproximou-se de grupos revolucionários, participando da criação do Movimento Bolivariano Revolucionário 200. O MBR-200 tinha em Simón Bolívar, o grande líder da independência sul-americana, sua grande inspiração, junto do também general da guerra de libertação Ezequiel Zamora e de Simón Rodríguez, tutor de Bolívar e um dos teóricos da integração latino-americana.
DISCIPLINA 7
Chávez destacou-se como militar e como intelectual dentro do Exército venezuelano, comandando diversos batalhões. Já na vida civil, organizou os diversos grupos que apoiavam o processo que considerava revolucionário no PSUV – Partido Socialista Unido da Venezuela.
TEORIA 7
Chávez combinou, na liderança de seu partido e no projeto de construir uma Venezuela mais igualitária, o discurso socialista com o pensamento anticolonial e anti-imperialista. Daí o resgate, simultâneo, da Revolução Cubana e da figura de Simón Bolívar, na “Revolução Bolivariana”.
POLÍTICA 8
O presidente da Venezuela entre 1999 e 2013 combinou resistência política, especialmente ao golpe de Estado que tenta derrubá-lo em 2002, a uma grande articulação das forças de esquerda. Chávez achava que o processo de transformação enfrentaria forças poderosas e que era preciso estar preparando tanto para a conciliação com frações do empresariado, quanto para combater as tentativas golpistas, inclusive armadas, de frustrar as mudanças. Essa dupla preocupação explica, em boa medida, sua força política e simbólica.
COMBATIVIDADE 10
A combatividade de Chávez era expressa por meio de discursos acalorados e pela firmeza na defesa de suas posições. Chávez venceu praticamente todos os processos eleitorais que disputou, recorrendo muitas vezes à polarização entre o projeto popular de seu partido e o projeto elitista da oposição e dos Estados Unidos. Numa provocação ao então presidente norte-americano George W. Bush, em 2006, num discurso na Assembleia Geral da ONU, afirmou: “O diabo veio aqui ontem. Ainda cheira a enxofre hoje”.
INFLUÊNCIA 8
A resistência venezuelana e o carisma pessoal tornaram Chávez uma figura incontornável na América Latina. Os caminhos de independência nacional diante de projetos neocoloniais, do neoliberalismo e de elites conservadoras e reacionárias no século 21 passam, necessariamente, na América Latina como um todo, por considerar sua assertividade política e sua empatia com os setores populares.