A história chinesa no século XX foi fortemente influenciada por três irmãs: Soong Ai-ling, Soong Ching-ling, Soong May-ling, as irmãs Soong. Filhas do pastor metodista Charlie Soong, que fez fortuna como banqueiro e impressor, e de Ni Kwei-tseng, uma mulher de uma família tradicional chinesa, foram educadas nos Estados Unidos e se casaram com alguns dos homens mais poderosos da China.
Ai-ling (1890-1973), a mais velha, esposou H. H. Kung, que era considerado a pessoa mais rica da China e foi ministro do Comércio e Indústria (1928-1931), ministro das Finanças (1933-1944) e presidente do Banco Central (1933-1945), tendo assumido inclusive o posto de primeiro-ministro entre 1o de janeiro de 1938 e 20 de novembro de 1939. A mais nova, May-ling (1898-2003), foi uma importante líder política nacionalista e, também, esposa de Chiang Kai-shek, que, derrotado por Mao Zedong ao fim da guerra civil, refugiara-se em Taiwan. Um dos irmãos das Soong, T. V. Soong, também foi uma das figuras mais importantes do governo nacionalista de Chiang Kai-shek.
Foi, no entanto, a irmã do meio, Soong Ching-ling (1893-1981), quem teve a mais revolucionária trajetória entre as Soong. Em 1915, ela se casou com Sun Yat-sen, líder da revolução de 1911 e do Kuomintang, o partido nacionalista chinês, e o primeiro presidente da China republicana. Vinte e seis anos mais velho que ela, Sun morreu em 1925. Em 1927, o Partido Comunista foi expulso do Kuomintang, e Soong considerou a facção liderada por Chiang Kai-shek como traidora dos ideais de 1911.
Ching-ling e May-ling, no entanto, seriam fundamentais para a reaproximação entre os dois partidos na guerra sino-japonesa, a partir de 1937, quando, juntos, resistiram à ocupação japonesa na Segunda Guerra Mundial.
Ao fim do conflito mundial, Soong abraçaria novamente a revolução e seria, até o fim da vida, uma dirigente do Partido Comunista Chinês.
Com Soong Ching-ling, o baralho Super-Revolucionários ganha mais uma carta. Já foram publicados cards de Carlos Lamarca, Inês Etienne Romeu, Walter Benjamin, Emma Goldman, Florestan Fernandes, Pagu, Hugo Chávez, Rosa Parks, Vladimir Lênin, Clara Zetkin, Ernesto Che Guevara, Antonio Gramsci, Fidel Castro, Liudmila Pavlichenko, Luís Carlos Prestes, Frida Kahlo, Alexandra Kollontai, Bela Kun, Nelson Mandela, Mao Zedong, Simone de Beauvoir, Stálin, Marina Ginestà, Ho Chi Minh, Leon Trotsky, Olga Benario, Karl Marx, Salvador Allende, Tina Modotti, Carlos Marighella, Rosa Luxemburgo e Franz Fanon.
O baralho Super-Revolucionários tem texto e concepção de Haroldo Ceravolo Sereza e desenho do artista plástico Fernando Carvall. Essas cartas, numa análise séria, mas sem perder o humor jamais, atribuem “notas” à atuação desses grandes nomes da luta por um mundo mais justo e solidário.
Em breve, um jogo inspirado no antigo Super-Trunfo será lançado junto com um livro com essas breve biografias, uma forma de homenagear e apresentar esses homens e mulheres que mudaram o mundo.
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REBELDIA: 8
Soong Ching-ling nasceu numa família cristã, abastada e tradicional, e formou-se nos Estados Unidos. A trajetória dela, de suas duas irmãs e de seus irmãos mostra uma família burguesa preocupada com os destinos da China. As três irmãs Soong esposaram figuras políticas de proa da China republicana, nascida em 1911.
DISCIPLINA: 9
O rompimento com o KMT (Kuomintang, o partido nacionalista chinês) em 1927 não afastou Ching-ling da política. Ela permaneceu ligada aos comunistas, acusando o KMT de trair o projeto revolucionário de seu marido Sun Yat-sen. Junto com as irmãs Ai-ling e May-ling, articulou a reaproximação de comunistas e nacionalistas na luta contra o imperialismo japonês, em 1937, e levantou fundos importantes para a manutenção do partido liderado por Mao Zedong e para a ajuda aos mais pobres durante a guerra civil.
TEORIA: 7
Em 1927, Soong Ching-ling encarregou-se da escola de formação política para mulheres, associando o processo revolucionário chinês à luta pela libertação feminina. Nos anos 1950, fundou a revista China Reconstructs, hoje nomeada China Today, publicada inicialmente em seis línguas (além do chinês, inglês, francês, árabe, alemão e espanhol). Artigos que escreveu e discursos seus foram reunidos no livro A luta pela nova China (The strugle for the new China, na tradução em inglês).
POLÍTICA: 9
Quando ocorre a Revolução Chinesa, Soong Ching-ling é a única mulher entre os seis vice-presidentes e foi parte fundamental das relações do novo regime com a União Soviética. Em 1950, ganhou o Prêmio Stálin da Paz. Foi também dirigente de importantes congressos do PC chinês. Cuidou do comitê de assistência social quando a fome era um grande problema no país e voltou a ser vice-presidente de 1959 a 1975. Em 1981, foi nomeada presidenta honorária da República Popular da China.
COMBATIVIDADE: 9
Ching-ling fez política durante toda a vida. Participou da direção do Comitê Revolucionário do Kuomintang, uma fração do partido organizada em Hong Kong que se opunha a Chiang Kai-shek. Com o estabelecimento da República Popular de China, em 1949, acompanhou os comunistas e tornou-se uma de suas principais dirigentes.
INFLUÊNCIA: 8
A figura de Soong Ching-ling representou, para o Partido Comunista de Mao Zedong, a ligação com os revolucionários republicanos do início do século. Apesar do passado burguês e das críticas dos radicais no início da Revolução Cultural, em 1966, Ching-ling foi relativamente poupada, como em outros períodos turbulentos. Jamais perdeu a confiança dos diferentes grupos que disputavam o poder no Partido Comunista.