A cantora Zenzile Miriam Makeba nasceu em Joanesburgo, na África do Sul, em 1932, e morreu em Castel Volturno, na Itália, em 2008. Sua carreira começou nos anos 1950, na sua cidade natal, interpretando uma mistura local de blues. Sua militância política contra o apartheid, o regime político que segregava brancos e negros na África do Sul, misturava-se à sua carreira como cantora e durante toda a vida lutou contra a segregação racial e pelos direitos humanos.
Em 1960 participou de um documentário antiaparthaid chamado Come Back Africa e foi ao Festival de Veneza apresentar o filme. Resolveu, então, não voltar à África do Sul e teve o passaporte cancelado. Fez uma parceria duradoura com o cantor e ator negro norte-americano Harry Belafonte, que a apresentou ao movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos. Em 1967, interpretou sua canção mais conhecida, Pata Pata, alcançando o hit parade mundial.
Nos Estados Unidos, começou a apoiar os Panteras Negras. Sem passaporte estabelecido, teve que sair do país com o marido Stokeley Carmichael e acabaram na Guiné, onde trabalhou pelo país, o que lhe valeu o Prêmio da Paz Dag Hammarskjöld. Em 1975 participou da independência de Moçambique, quando lançou a música A luta continua.
A morte de sua única filha fez com que se recolhesse e se mudasse para a Bélgica nos anos 1980. Em 1989 faz uma parceria com Paul Simon, Graceland, e voltou às paradas de sucesso e à militância política. Miriam só volta à sua terra natal, a África do Sul, em 1990, com o fim do apartheid e a convite do agora presidente Nelson Mandela.
Com Miriam Makeba, o baralho Super-Revolucionários ganha mais uma carta. Já foram publicados cards de Friedrich Engels, Emma Goldman, Florestan Fernandes, Pagu, Hugo Chávez, Rosa Parks, Vladimir Lênin, Clara Zetkin, Ernesto Che Guevara, Antonio Gramsci, Fidel Castro, Liudmila Pavlichenko, Luís Carlos Prestes, Frida Kahlo, Alexandra Kollontai, Bela Kun, Nelson Mandela, Mao Zedong, Simone de Beauvoir, Stálin, Marina Ginestà, Ho Chi Minh, Leon Trotsky, Olga Benario, Karl Marx, Salvador Allende, Tina Modotti, Carlos Marighella, Rosa Luxemburgo e Franz Fanon .
Com concepção de Haroldo Ceravolo Sereza e desenho do artista plástico Fernando Carvall, essas cartas, numa análise séria, mas sem perder o humor jamais, atribuem “notas” à atuação desses grandes nomes da luta por um mundo mais justo e solidário.
As avaliações são provisórias e estão sujeitas a modificação. O texto de hoje é assinado pela historiadora e editora Joana Monteleone.
REBELDIA: 8
Miriam Makeba participou ativamente do maior movimento de independência colonial do século XX, apoiando firmemente as independências africanas. Também foi incansável ativista dos direitos civis e da igualdade racial no mundo.
DISCIPLINA: 7
Sua militância misturava-se à profissão de cantora. Aonde ia, defendia a causa da igualdade racial e o fim do regime racista do apartheid na África do Sul. Não teve uma obra escrita política nem uma militância orgânica dentro de partidos.
TEORIA: 6
Por meio de sua música, Miriam chegou a falar com multidões. Além disso, representava a resistência ao mais violento regime racista do continente africano. Seu talento e sua voz potente transformavam cada apresentação num ato político.
POLÍTICA: 7
Miriam Makeba influenciou e conviveu com uma geração de ativistas pelas independências africanas e pelo fim do apartheid na África do Sul. Como uma voz africana e uma cantora global, rompia barreiras políticas, falando com as comunidades negras de todo o planeta.
COMBATIVIDADE: 8
Ao longo de toda a vida, Miriam Mekeba teve uma postura política exemplar, atuando na prática de forma internacionalista, unindo as causas da luta contra o apartheid, a defesa dos direitos civis nos Estados Unidos e a defesa da soberania africana. Tornou-se, assim, um símbolo das mais importantes lutas negras do século XX.
INFLUÊNCIA: 8
Miriam Mekeba influenciou gerações de músicos negros, com sua força, sua alegria e suas posições políticas.
Gostou dessa avaliação? Discorda? Comente no formulário abaixo: