Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) é a figura que mais contribuiu para a difusão do socialismo e do anarquismo no século XIX. Intelectual ativo e militante, colaborou intensamente para que o debate sobre as potencialidades da organização e mobilização dos trabalhadores chegasse a todos os cantos do mundo.
Apenas a título de exemplo, no Brasil, o intelectual negro José do Patrocínio utilizava, na campanha abolicionista, no final do século, o pseudônimo (reconhecido pelos leitores) de Phroudomme, em sua homenagem.
A ideias de Phroundon influenciaram diretamente Karl Marx, que também foi o maior de seus críticos. A ruptura entre os dois, que se conheciam e debatiam intensamente, se deu quando Marx respondeu ao livro Sistema das contradições econômicas ou a filosofia da miséria (1846) de Proudhon com o irônico A miséria da filosofia (1847).
O engajamento e as reflexões de Phroudon seguiram marcando o movimento anarquista, que, apenas a partir de 1917, com a Revolução Russa, perderia definitivamente a primazia para os socialistas e comunistas na organização dos trabalhadores, embora nunca tenha deixado, em alguma medida, de fazê-lo.
Com a carta dedicada a Phroudon, o baralho Super-Revolucionários ganha mais um nome. Já foram publicados cards de Bakhunin, Engels, Emma Goldman, Paulo Freire, Florestan Fernandes, Pagu, Miriam Makeba, Hugo Chávez, Rosa Parks, Lênin, Clara Zetkin, Ernesto Che Guevara, Antonio Gramsci, Fidel Castro, Liudmila Pavlichenko, Luís Carlos Prestes, Frida Kahlo, Alexandra Kollontai, Bela Kun, Nelson Mandela, Mao Zedong, Simone de Beauvoir, Stálin, Marina Ginestà, Ho Chi Minh, Leon Trotsky, Olga Benario, Karl Marx, Salvador Allende, Tina Modotti, Carlos Marighella, Rosa Luxemburgo e Franz Fanon.
Com texto e concepção de Haroldo Ceravolo Sereza e desenho do artista plástico Fernando Carvall, essas cartas, numa análise séria, mas sem perder o humor jamais, atribuem “notas” à atuação desses grandes nomes da luta por um mundo mais justo e solidário.
Assim que alcançarmos um número suficiente de cartas, vamos montar um jogo inspirado no conhecido Super Trunfo e publicar um livro com os cards e informações sobre esses heróis da resistência e da transformação.
As avaliações são provisórias e estão sujeitas a modificação.
REBELDIA: 7
Phroudon é autor de O que é a propriedade – pesquisa sobre o princípio do direito e do governo (1840), onde fez sua afirmação mais difundida: “A propriedade é um roubo”. Para ele, a exploração do trabalho de um semelhante é, em si, um roubo. A participação de Phroudon na revolução de 1848 e as críticas à burguesia que dominava o Parlamento e a Napoleão III o levaram à prisão entre 1849 e 1852.
DISCIPLINA: 7
Considerado o primeiro revolucionário a assumir a denominação de “anarquista”, Phroudon definiu a anarquia como “a ausência de um mestre, de um soberano”. Manteve-se um pensador proletário destacado até o final da vida, propondo o federalismo e defendendo a possibilidade de que a produção fosse reorganizada sob formas controladas pelos trabalhadores.
TEORIA: 8
Além da crítica, em diferentes tons ao longo da vida, à propriedade privada, Proudhon deu uma enorme contribuição para as ideias socialistas e anarquistas com a defesa que fez das cooperativas, que, para ele, deveriam ser a principal forma de apropriação coletiva dos meios de produção. Suas posições sobre a prática revolucionária mudaram algumas vezes, e ele acreditava que transformação social poderia ser alcançada por meios pacíficos. Uma de suas principais peças teóricas foi o livro Do princípio federativo e da necessidade de reconstruir o Partido da Revolução (1863).
POLÍTICA: 7
Após a revolta parisiense de 1848, Phroudon foi eleito deputado para a Assembleia Nacional Constituinte. Propôs a criação de um imposto sobre a renda originada da propriedade que foi violentamente rejeitada por seus pares. O projeto de Phroudon foi entendido como uma proposição “odiosa os princípios da moral pública”, que violava o direito à propriedade, encorajava a delação e apelava aos piores sentimentos.
COMBATIVIDADE: 7
Em cartas, Proudhon expressou seu desacordo com os pontos de vista de Marx sobre a revolução: “Creio que não temos necessidade dela para ter sucesso e que, consequentemente, não devemos apresentar a ação revolucionária como um meio de reforma social, porque isso induzirá um apelo à força, à arbitrariedade, em suma, uma contradição”.
INFLUÊNCIA: 9
Phroudon foi uma referência para os principais pensadores anarquistas que o sucederam, entre eles Bakhunin, Emma Goldman, Kropotkin e Malatesta. No livro Confissões de um revolucionário (1849), escreveu que “anarquia é ordem sem poder”, afirmação que levou à criação do símbolo anarquista, em que a letra “A” de anarquia fica circunscrita na leta “O”, de ordem. Também um dos primeiros formuladores da ideia de um “banco do povo”, que emprestasse dinheiro com taxa zero.