Quando El-Hajj Malik El-Shabazz morreu, no dia 21 de fevereiro de 1965, aos 39 anos, no Harlem, em Nova York, já se tornara uma das mais importantes referências do movimento negro norte-americano. Seu nome muçulmano, no entanto, não era tão conhecido quanto o nome que adotou ao converter-se à religião: Malcolm X.
Nascido Malcolm Little em 1925, o futuro líder tinha apenas seis anos quando seu pai, um pastor batista militante do movimento negro, foi brutalmente morto num acidente de bonde. A mãe de Malcolm, Louise, acredita que o esposo fora assassinado por um integrante de um grupo racista conhecido por Black Legion.
Em 1937, a mãe de Malcolm engravida de um namorado que a abandona e, em 1938, ela tem um colapso nervoso que leva as crianças a serem separadas de seu convívio.
Esses fatos marcariam fortemente a trajetória de Malcolm, que se converteria ao islamismo e se tornaria uma das figuras mais importantes do movimento negro norte-americano.
Uma trajetória de luta e resistência, aliada a um radicalismo capaz de apontar as principais contradições da sociedade norte-americana fazem de Malcolm X uma figura revolucionária.
Com a carta dedicada a ele, o baralho Super-Revolucionários ganha mais um personagem. Com texto e concepção de Haroldo Ceravolo Sereza e ilustração do artista plástico Fernando Carvall, a série Super-Revolucionários procura, de um modo lúdico e informativo, apresentar algumas das figuras mais importantes da luta por um mundo melhor.
Já foram publicadas por Opera Mundi as cartas de Pierre-Joseph Phroudon, Mikhail Bakhunin, Friedrich Engels, Emma Goldman, Paulo Freire, Florestan Fernandes, Pagu, Zuzu Angel, Miriam Makeba, Hugo Chávez, Rosa Parks, Lênin, , Clara Zetkin, Ernesto Che Guevara, Antonio Gramsci, Fidel Castro, Liudmila Pavlichenko, Luís Carlos Prestes, Frida Kahlo, Alexandra Kollontai, Bela Kun, Nelson Mandela, Mao Zedong, Simone de Beauvoir, Stálin, Marina Ginestà, Ho Chi Minh, Leon Trotsky, Olga Benario, Karl Marx, Salvador Allende, Tina Modotti, Carlos Marighella, Rosa Luxemburgo e Franz Fanon.
Assim que alcançarmos um número suficiente de cartas, vamos montar um jogo inspirado no conhecido Super Trunfo e publicar um livro com os cards e informações sobre esses heróis da resistência e da transformação.
As avaliações são provisórias e estão sujeitas a modificação.
REBELDIA: 8
Apesar da infância difícil, Malcolm X foi um bom aluno até chegar ao ensino médio. Lá, ouviu de um professor que o sonho de ser advogado não era razoável para uma pessoa de cor. A afirmação teria forte impacto no jovem, que acabou não completando a educação formal.
DISCIPLINA: 7
Aos 21 anos, Malcolm mudou-se para Flint (Michigan), onde se envolveu em diversas atividades ilegais. Em 1946, em Boston, foi preso, acusado de roubar um relógio, e foi condenado a 10 anos de prisão. É na prisão que Malcolm desenvolve uma febre de leitura e adere ao movimento chamado Nação do Islã, o que o leva a trocar o sobrenome Little pelo “X”, simbolizando um sobrenome africano perdido no passado. Em 1950, envia uma carta ao presidente Truman condenando a guerra à Coreia e se declara comunista.
TEORIA: 8
Na Nação do Islã, Malcolm X torna-se uma das mais importantes figuras públicas, atuando em defesa de jovens negros e também encontrando-se com chefes de Estado, entre eles Fidel Castro, que o conheceu em setembro de 1960 e o convidou a visitar Cuba. Malcolm X foi também um pesado crítico do “American dream”, o sonho norte-americano: “Eu não vejo nenhum sonho norte-americano, eu vejo um pesadelo norte-americano.”
POLÍTICA: 7
Como integrante da Nação do Islã, Malcolm X chegou a advogar, no limite, a completa separação da população negra da população branca norte-americana. “Não lutamos por integração ou por separação. Lutamos para sermos reconhecidos como seres humanos”, afirmou certa vez. Suas posições eram consideradas extremistas pela NAACP, a Associação Nacional para o Progresso dos Homens de Cor, a mais tradicional organização negra norte-americana. Em 1964, Malcolm X deixaria a Nação do Islã, rompendo publicamente com sua principal liderança, Elijah Muhammad, e aproximando-se da luta pelos direitos civis liderada por Martin Luther King, com posições mais radicais.
COMBATIVIDADE: 10
Em abril de 1964, Malcolm X discursou no Senado sobre a luta dos direitos civis. Seu discurso foi intitulado “The Ballot or the Bullet” (A urna ou a bala), e nele Malcolm afirmou que que aos afro-americanos deveria ser dado o direito de exercerem seus direitos civis, mas, caso a igualdade completa não fosse atingida, a luta armada se faria necessária.
INFLUÊNCIA: 10
Morto por um integrante da Nação do Islã, que não aceitava suas críticas ao movimento, Malcolm X legou uma radicalidade combativa e uma trajetória que se tornaram referências para os movimentos negro e de libertação nacional em todo o mundo. Seu legado não é apenas teórico ou prático, mas também simbólico. Em 1992, o cineasta Spike Lee dirigiu o filme Malcolm X, que narra sua trajetória.