O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse nesta terça-feira (13/08) que não vai falar com os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Gustavo Petro (Colômbia) até que o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ) emita um posicionamento sobre as eleições do país.
Os três mandatários tinham uma ligação agendada para a última segunda-feira (12/08) para discutir saídas para a crise envolvida na Venezuela, mas foi cancelada por uma falta de horários em suas agendas. Agora, a percepção de diplomatas brasileiros é que as conversas com os outros países “estagnou” e vai depender mais do que for divulgado pela Justiça venezuelana.
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Ao ser questionado por um jornalista sobre se o presidente falaria novamente com Petro e Lula sobre a questão da Venezuela, López Obrador disse que “agora não, porque vamos esperar a Justiça Eleitoral resolver, porque ainda está em tramitação”.
“Acho que na sexta-feira desta semana vão decidir as atas e os resultados. Vamos esperar”, disse.
Obrador faz referência a judicialização do processo eleitoral venezuelano. O Conselho Nacional Eleitoral venezuelano (CNE) atrasou a divulgação dos resultados detalhados alegando que houve um ataque hacker contra o sistema eleitoral.
O TSJ investiga o caso, recolheu todo o material eleitoral do órgão e ouviu nove dos 10 candidatos que disputaram o pleito. Só o opositor Edmundo González Urrutia não compareceu.
Brasil, Colômbia e México têm se organizado para mediar a situação que envolve as eleições da Venezuela e já emitiram duas notas sobre o processo eleitoral. Nos documentos, os presidente pedem a divulgação das atas eleitorais e que essa publicação seja feita pelo CNE, não pela Justiça. O presidente Nicolás Maduro chegou a elogiar o comunicado e disse que a postura dos três países “evita danos”.
Novas eleições na Venezuela?
O assessor especial da Presidência do Brasil, Celso Amorim, sustenta a ideia de que a realização de novas eleições na Venezuela pode ser uma alternativa viável para superar o impasse eleitoral no país caribenho após o pleito de 28 de julho que definiu a vitória de Maduro.
A informação foi confirmada por fontes do Planalto consultadas por Opera Mundi. No entanto, a sugestão do diplomata “não tem nenhuma proposta oficial” e carece de um posicionamento do governo brasileiro, uma vez que ela, apesar de ter sido apresentada ao presidente Lula, não foi formalizada.
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Lula oficialmente segue sustentando os esforços da necessidade do governo Maduro apresentar as atas de cada uma das sessões eleitorais para comprovar o resultado das eleições e a transparência de seus sistema eleitoral.
Na última quinta-feira (08/08), de acordo com a Folha, durante uma reunião ministerial interna em Brasília, o presidente brasileiro teria comentado que “o resultado das eleições [na Venezuela] não poderia ser aceito sem a prova de que elas foram limpas”.
Questionado pela reportagem sobre a veracidade da afirmação, fontes do Planalto indicaram que se trata de uma informação que foi veiculada “de maneira informal” pela imprensa, e reforçou que até o momento a fala do mandatário não foi amadurecida na casa.
(*) Com Brasil de Fato.